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DATA

04/11/2020

CATEGORIA

Psicologia

TAGS

pai Plano Nacional de Educação e nas Diretrizes Psicologia

Pai como primeiro modelo

Ninguém melhor que o grego Esopo (564 A.C.), pai das fábulas do gênero literário em coletânea pública, para ilustrar esta figura tão importante nos modelos que os filhos tomam para a vida como o PAI. Contava Esopo:

Um PAI tinha vários filhos que viviam discutindo e brigando entre si.  Quando não mais pode sanar suas disputas através de conselhos, ele decidiu dar-lhes uma lição prática sobre os males da desunião. Para esse fim, ele um dia disse-lhes que amarrassem um feixe de varas e o trouxessem a ele.

Quando os filhos o atenderam, ele colocou o feixe nas mãos de cada um deles, sucessivamente, e ordenou-lhes que o quebrassem em pedaços. Eles tentaram com todas as forças que tinham, mas foram incapazes de fazê-lo. A seguir, o PAI desatou o feixe, apanhou as varas separadamente, uma a uma, e novamente colocou-as nas mãos de seus filhos, após o que eles facilmente as quebraram.  Ele então dirigiu-lhes as seguintes palavras: – Meus filhos, se vocês tiverem um só pensamento, e se forem unidos para ajudar um ao outro, vocês serão como esse feixe, inabaláveis diante de quaisquer ataques de seus inimigos; mas se houver divisões entre vocês, serão tão facilmente quebrados quanto essas varas.

A fábula, de clara compreensão, demonstra de forma simples que a união torna o coletivo inexpugnável. Entretanto, a sociedade contemporânea não tem condições de trazer para a prática esta simples analogia, nem tantos outros. Cabe as figuras paternas e maternas, em primeiro momento, este e muitos outros ensinamentos na construção de um indivíduo saudável para viver socialmente. Hoje ocorre o óbvio fenômeno da precariedade do que podemos chamar de função paterna em diversas dimensões.

Primeiramente, apenas no país, segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), e com base no Censo Escolar de 2011, há 5,5 milhões de crianças brasileiras sem o nome do pai na certidão de nascimento. O nome a certidão de nascimento refere direito personalíssimo a identidade de toda criança.

Uma em cada 4 crianças não terá esse direito básico garantido em sua história. Assim, o reconhecimento paterno é um direito garantido não só à criança, mas também à mãe, uma vez que a Constituição refere direitos iguais entre homens e mulheres e nas responsabilidades auferidas ao nascimento e cuidado de um novo ser.

Em outros momentos, fora o pai a figura que tinha o dever de suprir a família. Com o advento da década de 60 e com a emancipação da mulher, foram estabelecidos novos papeis entre homens e mulheres, originando novos padrões familiares. Desta forma, a antiga autoridade familiar assume novo contexto.

Em um mundo onde a dinâmica social sofre constantes transformações, torna-se importante a reflexão quando a propriedade deste elemento tão importante na formação do sujeito.  Estudos científicos mostram que o papel do pai começa desde cedo, talvez antes mesmo da concepção. A sua participação e o seu envolvimento devem ter início no momento mais precoce possível.

O número de famílias que são chefiadas por mulheres mais que dobrou em uma duas décadas.  De acordo com estudo elaborado coordenado pela Escola Nacional de Seguros (revista Época, 2017), o contingente de lares em que elas tomam as principais decisões saltou de 14,1 milhões, em 2001, para 28,9 milhões, em 2015, demonstrando aumento significativo de 105%. Por sua vez, dados do censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que de 1991 a 2000 houve um aumento de 74,5% no número de pais que cuidavam sozinhos dos filhos nos domicílios brasileiros.

A última pesquisa sobre pais que criam filhos sozinhos realizada pelo IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas), divulgada em 2008, apontou que a porcentagem familiar desses pais aumentou 0,6% em relação aos últimos dez anos. O número de pais solteiros chegou a 28% em pouco mais de uma década, segundo estudo sobre a desigualdade de gênero e raça divulgado IPEA.

Apesar de que o papel materno possa prevalecer sobre o papel do pai, sabe-se que a importância da figura paternal é altamente notória no desenvolvimento cognitivo, emocional e social de uma criança. Esta presença que vai servir como suporte e apoio, possibilitando desprendimento da mãe e a passagem do mundo da família para o mundo da sociedade.

Mesmo os pais ausentes podem pontuar-se vivos, sem fazerem-se presentes através de carne e osso. Entretanto, é fundamental a sua forma presente, em alguma dimensão, na realidade e no dia a dia da criança e do adulto para um desenvolvimento contínuo e saudável.

SOBRE O AUTOR

Kelly Reis

Psicóloga CRPRS 27077

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